Nutrientes essenciais
Os atuais sistemas intensivos de produção animal e a redução do uso de antimicrobianos tornam essencial o gerenciamento correto do sistema imunológico dos animais para alcançar o máximo de saúde e produtividade.
A evolução nos últimos anos no conhecimento do sistema imunológico nos permitiram entender melhor a relação entre nutrição e imunidade e isso pode contribuir de forma mais eficaz para melhorar o estado sanitário e a produtividade dos animais de produção.
O primeiro fator que determina a relação entre nutrição e imunidade são as deficiências nutricionais. Está bem estabelecido que deficiências em macronutrientes ou micronutrientes podem afetar o sistema imunológico.
Nutrientes essenciais
As deficiências em nutrientes essenciais, como aminoácidos, são especialmente importantes, portanto, o fornecimento e a proporção correta de cada um deles são críticos. Por exemplo, leitões alimentados com dietas deficientes em treonina:
• Reduziram a produção de mucina intestinal;
• Reduziu o número e a funcionalidade das células caliciformes intestinais;
• Piora da morfologia intestinal; e
• Aumento de diarreia, reduzindo significativamente a capacidade de defesa da barreira intestinal contra infecções.
No caso de deficiências de micronutrientes, seus efeitos sobre o sistema imunológico são bem conhecidos. É notável que a vitamina E como antioxidante, e microminerais como selênio, zinco, ferro e cobre, etc, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e manutenção da resposta imune.
Portanto, na alimentação é aconselhável o uso de uma fonte altamente biodisponível desses micronutrientes na forma orgânica, como proteinatos, glicinatos e vitamina E natural, para atender às necessidades do sistema imunológico, bem como às necessidades de manutenção, crescimento e produção.
Melhorias na avaliação nutricional das matérias-primas, necessidades dos animais, formulação e tecnologia de produção de rações nos permitiram reduzir significativamente os problemas por deficiências nutricionais e avançar para a próxima etapa – o manejo nutricional do sistema imunológico, que é a aplicação prática da nutrição funcional. Um exemplo prático é o gerenciamento do perfil de ácidos graxos em dietas para promover a imunomodulação.
A quantidade, proporção e tipo de ácidos graxos poliinsaturados ômega-3/ômega-6 na dieta têm grande influência na funcionalidade do sistema imunológico, pois determinam a síntese de precursores que intervêm em mecanismos do sistema imunológico, como a inflamação.
O manejo nutricional correto de ômega-3/ômega-6 na ração pode mitigar os efeitos nocivos do estado pró-inflamatório. Isso é muito comum em sistemas de produção modernos devido ao contato contínuo com microrganismos e estressores que determinam um alto custo energético e deterioração do estado sanitário dos animais.
Do ponto de vista teórico, a resposta imune pode ser classificada em:
• Resposta imune inespecífica ou inata e
• Específica ou adquirida.
A resposta imune inata é caracterizada por mecanismos inespecíficos de ação rápida destinados a prevenir a entrada ou neutralização do patógeno. Fagocitose, complemento, interferon, interleucinas, síntese de proteínas de fase aguda e inflamação fazem parte dessa resposta que também tem importantes efeitos sistêmicos, como febre, anorexia, alterações no metabolismo, etc. Fazem parte deste sistema barreiras naturais do corpo, por exemplo, a barreira intestinal.
A resposta imune adquirida é desencadeada pelo contato com antígenos, é altamente específica, não é imediata porque o sistema complexo intervém, desenvolvendo proteção celular e/ou humoral que se mantém ao longo do tempo dependendo do agente desencadeante. Este tipo de imunidade é extremamente eficaz e eficiente do ponto de vista produtivo.
Gestão é fundamental
A gestão das respostas imune está se tornando um aspecto fundamental nas fazendas. Do ponto de vista prático, podemos classificar as respostas imunes em produtivas e improdutivas, dependendo se fornecem proteção contra infecções e doenças ou se, ao contrário, causam principalmente efeitos nocivos, como é o caso dos processos inflamatórios.
É necessário promover o primeiro e mitigar o segundo por meio de programas sanitários, manejo e estratégias nutricionais. Pesquisas recentes mostram que é possível modular essas respostas imunes de forma diferenciada por meio da combinação de compostos biofuncionais envolvidos na regulação sistêmica do sistema imune por meio da estimulação de receptores celulares específicos presentes no intestino.
O uso de oleoresinas de capsicum e curcuma em leitões ao desmame aumenta a expressão de genes que codificam proteínas integrais de membrana necessárias para a formação e manutenção das tight junctions nos enterócitos, bem como o gene MUC2 relacionado à secreção de mucina por células caliciformes no intestino. Esses resultados indicam melhorias na integridade e proteção do intestino.
Por outro lado, esses dois componentes administrados na ração de leitões mostraram efeitos positivos na imunidade adquirida em leitões desafiados com o vírus PRRV, produzindo maior contagem de linfócitos CD8+ aos 14 dias pós-infecção. As células CD8+ são células-chave na resposta imune adquirida contra vírus.
Em porcas, a suplementação com capsicum e curcuma na ração no final da gestação causou aumento na concentração de proteína do colostro principalmente por imunoglobulinas, melhorando significativamente o número de leitões nascidos vivos e sua sobrevivência durante a fase de lactação no primeiro e segundo ciclo de produção. Esses resultados são indicativos de seu efeito benéfico no sistema imunológico específico.
Por fim, a oleoresina de capsicum na ração mostrou uma redução nos biomarcadores de inflamação em leitões desafiados com E. coli F-18, como contagem de neutrófilos, macrófagos, haptoglobina e Proteína C reativa no soro sanguíneo, esses resultados estão relacionados à modulação imunológica e efeitos anti-inflamatórios.
O manejo do sistema imunológico de animais produtivos é decisivo no atual cenário de alta produtividade e redução do uso de antibióticos. É necessário reforçar a capacidade imunológica dos animais para melhorar a sua saúde, mas ao mesmo tempo minimizar os seus potenciais efeitos nocivos.
Isso só é possível através de estratégias coordenadas em gestão, programas sanitários, nutrição, aplicando os últimos avanços em imunonutrição e usando as melhores soluções para cada situação para alcançar o máximo de saúde e produtividade dos animais.
As referências serão disponibilizadas mediante solicitação.
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