Para um comprador de farelo de soja não tem sido fácil a tarefa de alimentar seu rebanho bovino e também de outras espécies. O ingrediente, assim como o milho, faz parte da receita para formular a ração para o seu rebanho. No ano passado, o Brasil atingia o recorde de consumo de farelo de soja: 11,7 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Este ano, porém, a realidade é outra. A indústria processadora está esmagando uma quantidade menor de grãos e o mercado interno consumidor de farelo está mais retraído. De janeiro a setembro, o consumo foi de 9,3 milhões de toneladas – 20,2% a menos que no mesmo período de 2019.
Não por acaso, o preço do farelo, balizado pela própria soja, está em ascendência. Na média de setembro, a tonelada do insumo estava custava R$ 2.040,74 no Estado de São Paulo, bem diferente dos R$ 1.230,58 de setembro de 2019. De lá para cá, a alta foi de 65,8%. Mundialmente há uma corrida natural pelo farelo e da própria soja em grão, que vem sendo mais demandada. Entre os maiores compradores da oleaginosa está a China, que tem pela frente o trabalho de recomposição de seu rebanho de suínos e precisa do grão.
Mas o país asiático não pode ser visto como o único fator de encarecimento do farelo de soja que os pecuaristas precisam, especialmente os confinadores que só veem o insumo ficar cada vez mais valorizado. Segundo Torres, nessa conta, o câmbio dá um forte empurrão
“O câmbio a R$ 5,60 é o que mais pesa nessa conta. Todos os setores do País querem aproveitar para exportar”, avalia. “Os confinadores estão se desdobrando para conduzir suas atividades, só que ele vai ter de pagar mais pelos insumos, pois tudo está faltando ou ficando mais caro.”
Soja em alta
Se as projeções estiverem certas, a produção mundial de soja cresce 9,8% nesta safra, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês). O órgão projeta uma colheita mundial de 368,47 milhões de toneladas para a safra 2020/2021. No Brasil, a estimativa é de 133 milhões de toneladas, 5,6% a mais que o ciclo 2019/2020. No entanto, o que está pesando é o maior consumo global, fazendo minguar os estoques de passagem (a sobra de produto que fica de uma safra para a outra).
Na safra 2018/2019, os estoques finais da soja no mundo eram de 113,04 milhões de toneladas. No ciclo seguinte foi para 93,75 milhões de toneladas e a previsão para a temporada 2020/2021 é de 88,7 milhões. A queda foi de 21,5% nas últimas três safras.
Estratégia chinesa
Quem mais vem consumindo os grãos são os chineses e eles estão jogando dentro das regras do mercado. O gigante asiático tem uma multidão para alimentar. São cerca de 1,4 bilhão de habitantes e cerca de 300 milhões só na classe média. Pelas contas do Usda, o país pode deter 55,1% dos estoques finais de grãos (soja, milho, trigo e arroz). Isso representa 490,18 milhões de toneladas de um volume de estoque final da safra 2020/2021 de 889,75. Já o Brasil deteria apenas 4% dos estoques mundiais desses mesmos grãos, cerca de 35,57 milhões de toneladas.
Por: Portal DBO
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