20 Sep 2021

Micotoxinas na produção animal

Micotoxinas na produção animal

As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos. Eles podem estar presentes em alimentos, rações e organismos vivos de um ambiente agrícola e em todos os estágios da cadeia alimentar. Grãos de cereais contaminados com micotoxinas e ração animal são frequentemente encontrados em todo o mundo (Placinta et al., 1999).
Suínos e aves são os animais mais suscetíveis e sensíveis aos efeitos das micotoxinas. Uma vez que essas espécies também são amplamente utilizadas para produção de carne, ovos e outros alimentos processados, é muito importante medir os níveis residuais de micotoxinas na alimentação animal, tecidos e fluidos corporais.

Animais que consomem uma dieta contaminada por micotoxinas são afetados adversamente por efeitos neoplásicos, estrogênicos e imunossupressores. Esses efeitos das micotoxinas podem resultar na perda de peso e no aumento do desenvolvimento de doenças resultantes de imunossupressão e distúrbios reprodutivos (D’Mello et al., 1999; Lindemann et al., 1993).

Porém, assim como os humanos e monogástricos, os ruminantes também são susceptíveis aos danos causados pelas micotoxinas. Os riscos à saúde que a exposição à micotoxina representa para o gado causa perdas econômicas, seja por efeitos adversos nos próprios animais ou pelo custo secundário para os humanos que comem alimentos contaminados de origem animal.

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O ambiente agrícola afeta o habitat dos fungos e, portanto, o número de micotoxinas produzidas. Alguns estudos relataram que a contaminação por micotoxinas em amostras de rações depende das condições sazonais de temperatura (Abidin et al., 2017).
Entre os diferentes tipos de micotoxinas, apenas alguns são conhecidos por causar toxicidade por meio da exposição a animais de produção. As micotoxinas mais comumente encontradas na alimentação animal são aflatoxinas, ocratoxina A (OTA), tricotecenos, zearalenona (ZEA) e fumonisinas.

Aflatoxina

A aflatoxina é produzida por Aspergillus flavus ou Aspergillus parasiticus e é associada a efeitos carcinogênicos e mutagênicos em humanos, incluindo problemas de crescimento em crianças (Gong et al., 2004; Peters e Teel, 2003; Abnet, 2007).

O FDA limita os níveis de aflatoxina a 20 ppb em alimentos e rações animais e a UE limita os níveis de aflatoxina a 15 ppb (Alshannaq e Yu, 2017; Sarma et al., 2017).

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Nas aves, a aflatoxina na ração é metabolizada em aflatoxina M e aflatoxicol e se acumula em órgãos, como moela, peito e fígado e também nos ovos (Wolzak et al., 1985; Trucksess et al., 1983; Gregory e Manley, 1982). A aflatoxina M1 (AFM1) é o metabólito hidroxilado da aflatoxina B1 (AFB1) e é encontrada em laticínios derivados de animais alimentados com ração contaminada (Nakajima et al., 2004). AFM1 é uma forma menos tóxica, frequentemente encontrada no leite animal.

AFB1 é frequentemente encontrada em rações para gado e aves, e nos ovos e tecidos comestíveis. Medições conduzidas no Japão revelaram que AFB1 foi encontrado em milho para alimentação de gado leiteiro e subsequentemente foi descoberto estar contaminando o leite (Sugiyama et al., 2008).

Análises de amostras de rações para aves contaminadas com AFB1 realizadas no Brasil mostraram concentrações que variam de 1,2 a 17,5 μg/kg, superiores às fumonisinas ou ZEA (Oliveira et al., 2006). Uma pesquisa com amostras de leite na Itália descobriu que níveis de AFM1 abaixo de 5,0 ng/L foram observados em 92% das amostras de leite cru, enquanto AFM1 foi encontrado em aproximadamente 42% de vários produtos lácteos (Santini et al., 2013).

Galinhas poedeiras que receberam dietas contaminadas com AFB1 apresentam altas concentrações de resíduos de AFB1 em ovos e tecido hepático (Trucksess et al., 1983). Em monitoramento realizado na Argentina, foi detectado AFM1 em 63,8% das amostras de leite cru a granel de tanques de resfriamento de fazendas, sugerindo que poderia representar uma ameaça aos consumidores de leite (Alonso et al., 2010).

Alguns aditivos não tóxicos para rações têm alta afinidade com AFM1 e são usados ​​para prevenir a contaminação em amostras de leite. A administração dietética de alguns aditivos pode reduzir significativamente a concentração de AFM1 no leite de gado leiteiro, sugerindo a mitigação da toxicidade causada por AFB1 e AFM1 em gado (Katsoulos et al., 2016).

Ocratoxina

A Ocratoxina A (OTA) é uma micotoxina produzida por várias espécies dos gêneros Aspergillus e Penicillium e é encontrada em grãos de cereais e laticínios. A OTA é produzida naturalmente e observada na alimentação animal em todo o mundo (Birzele et al., 2000; Scudamore e Patel, 2000; Hohler, 1998), mas sua presença frequente em produtos suínos ameaça à segurança alimentar (Rodriguez et al., 2012; Jorgensen e Petersen, 2002).

O FDA não estabeleceu um limite de concentração para OTA em alimentos, mas a UE estabeleceu um limite máximo de concentração de 5 ppb para produtos de cereais (Alshannaq e Yu, 2017; Malir et al., 2016).

Metabólitos como 4-hidroxiocratoxina A (4′-OH-OTA), 5′-OH-OTA, 7′-OH-OTA, 9′-OH-OTA e ocratoxina B (OTB) são observados nos microssomas do fígado e fezes de animais de produção, como suínos, gado e galinhas (Tao et al., 2018).

Em experimento conduzido na Itália, 1,0% das amostras de soro suíno foram positivas para OTA em uma concentração de 0,03 a 0,8 ng/ml (Pozzo et al., 2010). Em 82% das amostras de plasma suíno na Noruega, as concentrações de OTA estavam acima de 0,1 ng/ml (Langseth et al., 1993).
A maioria dos metabólitos da OTA são relatados como menos tóxicos, sugerindo que a regulação do metabolismo da OTA é importante para mitigar a toxicidade em animais de produção (Omar et al., 1996).

Em análise conduzida na ração animal na Argentina mostrou que a OTA foi encontrada na ração para aves em concentrações de 25-30 ng/g (Dalcero et al., 2002). Uma análise conduzida na Itália constatou que todas as amostras de ração de fazendas de suínos estavam contaminadas com OTA, embora os níveis de contaminação fossem inferiores aos limites recomendados pela Comissão Europeia (Pozzo et al., 2010).

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Fumonisina


As espécies de Fusarium são os fungos produtores de toxinas mais frequentemente encontrados e amplamente distribuídos no norte das Américas, Europa e Ásia. As micotoxinas Fusarium mais perigosas em animais de produção são fumonisina, desoxinivalenol (DON) e ZEA.

A fumonisina é uma micotoxina produzida por Fusarium moniliforme e Fusarium proliferatum e é um contaminante natural de rações.

A UE estabeleceu um limite máximo de concentração de 4000 ppb para a fumonisina no milho cru, que é relativamente maior do que para outras micotoxinas, embora limites consideravelmente mais baixos tenham sido definidos para alimentos processados ​​(Lee e Ryu, 2017; Alshannaq e Yu, 2017).

A fumonisina possui três subtipos, B1 (FB1), B2 (FB2) e B3 (FB3), que variam em sua estrutura química e também em certa medida em seu grau de toxicidade. A fumonisina é encontrada principalmente na ração de aves.

Estudos que confirmam as concentrações de micotoxinas realizados em milho integral na Califórnia mostraram que a fumonisina é positiva na maior proporção de amostras, com uma concentração média de 1698 μg/kg, maior do que outros tipos de micotoxinas, como aflatoxinas, OTA, ZEA e DON ( Krout-Greenberg et al., 2013).

Pesquisas realizadas com rações para aves de granjas nigerianas também mostram que a FB1 é a micotoxina encontrada com mais frequência, em 97% das amostras, com concentração média de 1014 μg/kg (Akinmusire et al., 2019). Pouco se sabe se a fumonisina pode se acumular nos ovos e nos tecidos comestíveis das aves. Além disso, os metabólitos da fumonisina em aves não são claros, exigindo mais pesquisas sobre a toxicocinética da fumonisina.


As informações contidas neste texto foram retiradas do artigo intitulado “Effects of mycotoxin-contaminated feed on farm animals” de autoria de: Changwon Yanga; Gwonhwa Songa; WhasunLimb

aInstitute of Animal Molecular Biotechnology and Department of Biotechnology, College of Life Sciences and Biotechnology, Korea University, Seoul, 02841, Republic of Korea
bDepartment of Food and Nutrition, Kookmin University, Seoul, 02707, Republic of Korea


Para ler o artigo na íntegra, clique aqui

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