Nova safra de grãos pressionará ainda mais gargalo de armazenagem

19 Feb 2025

Nova safra de grãos pressionará ainda mais gargalo de armazenagem

O aumento projetado para a produção brasileira de grãos na safra 2024/25 deve agravar o já elevado déficit brasileiro de armazenagem. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 322,4 milhões de toneladas.

  • No entanto, a capacidade atual dos silos e armazéns no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 222,3 milhões de toneladas, suficiente para estocar apenas 69% da produção esperada.

Segundo a Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Armazenagem de Grãos (Cseag) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o déficit na estrutura de armazenagem atingiu 124 milhões em 2024, e deve aumentar em pelo menos 5 milhões de toneladas este ano. Isso ocorre porque o ritmo de crescimento da agricultura é o dobro do avanço da capacidade de armazenagem.

O Portal SNA aborda assiduamente essa defasagem, que prejudica o planejamento dos produtores, sua capacidade de escoar os volumes em intervalos adequados, além da inevitável perda de competitividade em relação a outros países expoentes do setor, que conseguirão oferecer seus produtos no mercado internacional a cotações mais favoráveis.

Grandes cooperativas anunciaram, em anos recentes, investimentos multimilionários para tentar aperfeiçoar sua capacidade de estocar safras, como a Capal, que investiu mais de R$ 40 milhões na ampliação de silos em Arapoti (PR), Curiúva (PR) e em Itararé (SP). Já a Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, aportou cerca de R$ 250 milhões nos últimos dois anos para ampliar sua capacidade de armazenamento de suas unidades em 400.000 toneladas. Muitas outras iniciativas como essas contam com o respaldo de linhas de crédito, até mesmo do BNDES, mas é difícil nivelar uma disparidade de décadas.

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A importância da armazenagem é a mesma da adequação de sua estrutura, para evitar perdas do volume, seja por manejo inadequado no transporte após a colheita ou devido a deficiências no maquinário, como mecanismos de exaustão, controle de umidade e geração da energia necessária. É uma etapa tão crucial quanto a do próprio cultivo, que requer atenção, olhar cuidadoso e muito trabalho.

Panorama que não muda

Um levantamento de 2023, feito pela ESALQ/USP e contratado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apontou que, entre os mais de mil produtores entrevistados, 61% não dispõem da estrutura adequada para armazenagem. Na logística do agronegócio, isso significa que muitos precisam vender suas colheitas de imediato, perdendo a chance de aguardar pela melhor cotação, além de não poderem investir em atividades de beneficiamento.

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Apenas 39% disseram possuir algum tipo de estrutura para armazenar os grãos, sendo que, muitas vezes, são silos menores e inadequados para maiores períodos de estocagem. São os chamados silos-bolsa, que possuem menor custo de implantação, mas oferecem curta durabilidade. Outros 19,8% declararam utilizar as modalidades convencionais ou graneleiras que, se não forem atualizadas de acordo com o patamar tecnológico mais recente, também podem diminuir sua eficácia e tornaram-se obsoletos.

As fazendas com estruturas próprias podem aguardar o momento do frete mais barato, chegando a aumentar a lucratividade de 6% e 11%, de acordo com os proprietários que possuem armazéns. Entre esses, os ganhos aumentaram com as vendas tardias, quando comparados com a época da colheita. Escapando do pico da safra, é possível diluir os encargos de forma mais planejada, além de evitar os riscos de guardar os grãos a céu aberto. Mas a estratégia de comercialização é o que mais pesa, pois proporciona mais independência e autonomia, além do ganho econômico.

Entre as razões atribuídas pelos produtores ouvidos para não investir mais em armazenagem estão as linhas de crédito e juros pouco atrativos, além do custo elevado de mão de obra qualificada. A distribuição irregular de energia e insegurança nas regiões mais afastadas também são obstáculos. Por fim, a má qualidade das estradas desanima os agricultores, que temem perder seu investimento no desperdício causado pela dependência das rodovias, quase todas mal conservadas. O custo do transporte onera ainda mais a cadeia produtiva.

Dessa forma, torna-se claro, às vésperas de mais uma safra recorde de grãos, a premência de expandir a capacidade de armazenagem para os produtores, mediante investimentos públicos e privados, a fim de combater o desperdício, aperfeiçoar o escoamento do volume produzido e manter a competitividade nacional perante outros grandes protagonistas globais do setor.

SNA – Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13. 9290) | Com informações complementares da Embrapa Soja
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