Indústria de nutrição animal recua no 1º tri de 2025, apesar do avanço do PIB do agro
Indústria de nutrição animal recua no 1º tri de 2025, apesar do avanço do PIB do agro
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro apresentou crescimento de 6,49% no primeiro trimestre de 2025, mantendo a trajetória de recuperação observada desde o final de 2024. Esse avanço foi impulsionado, principalmente, pelos segmentos primário e de agrosserviços, além de um desempenho expressivo no ramo agrícola.
No entanto, analisando o comportamento dos insumos, é possível observar que os resultados foram bastante distintos entre os ramos agrícola e pecuário. Enquanto os insumos agrícolas registraram crescimento de 7,24%, sustentados pela valorização de fertilizantes, defensivos e máquinas, os insumos destinados à pecuária apresentaram retração de 3,05%, resultado fortemente associado à queda no valor agregado da indústria de rações.
A indústria de nutrição animal foi particularmente impactada por uma redução acentuada nos preços, que caíram 17,58% em termos reais na comparação com o primeiro trimestre de 2024. Apesar disso, a produção de rações apresentou crescimento de 4,2%, sinalizando que a demanda por alimentação animal se manteve aquecida, especialmente diante da boa performance das cadeias de proteína animal no mesmo período.
Esse descompasso entre aumento no volume produzido e retração nos preços resultou em uma queda de 14,11% no valor bruto da produção do setor de rações, que compõe a maior parte dos insumos pecuários. Por outro lado, o segmento de medicamentos veterinários manteve estabilidade, com leve crescimento no volume produzido, mas também pressionado pela redução dos preços médios.
Esse cenário reflete uma dinâmica de pressão significativa sobre as margens da indústria de nutrição animal. Se, por um lado, os preços mais baixos contribuem para reduzir os custos dos pecuaristas e das agroindústrias, aliviando o custo de produção dentro da porteira, por outro, comprometem diretamente a sustentabilidade financeira dos fabricantes de rações e suplementos, que enfrentam desafios crescentes para manter sua capacidade operacional, investimentos em inovação e competitividade tecnológica.
A redução dos preços dos grãos utilizados na formulação de rações, como milho e farelo de soja, foi um dos fatores que contribuiu para esse movimento, além das dinâmicas de mercado e da volatilidade das cadeias de suprimentos.
No contexto geral do agronegócio, o ramo pecuário apresentou crescimento robusto de 8,50% no trimestre, impulsionado principalmente pela valorização dos preços e pelo aumento na produção das cadeias de bovinos, suínos, leite e ovos.
Além disso, a perspectiva para o restante de 2025 traz elementos que exigem atenção do setor. A continuidade de preços deprimidos nas rações, somada ao aumento nos custos de outros insumos industriais e à necessidade constante de atualização tecnológica, pode gerar um ambiente de menor capacidade de investimento para o segmento. Isso é particularmente relevante em um momento em que as demandas por soluções nutricionais mais eficientes, sustentáveis e alinhadas às exigências dos mercados interno e externo são cada vez maiores.
Dessa forma, embora o crescimento do PIB do agronegócio no primeiro trimestre de 2025 seja uma sinalização positiva, os dados revelam que a recuperação não ocorre de forma uniforme entre os elos da cadeia. O desempenho dos insumos pecuários, especialmente da indústria de nutrição animal, se mantém como um ponto de atenção estratégica.
O equilíbrio entre preços acessíveis aos produtores e a sustentabilidade econômica dos fornecedores de ração será determinante para garantir não apenas a competitividade da pecuária brasileira, mas também a segurança e a resiliência de toda a cadeia produtiva de proteína animal no médio e longo prazo.
Fonte: Cepea
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