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Nutrição sustentável de suínos

17 Jul 2024

Nutrição sustentável de suínos

A abordagem sobre o tema nutrição sustentável de suínos é, ao mesmo tempo, empolgante e desafiadora.

Empolgante porque a suinocultura é uma atividade dinâmica e que oferece grandes oportunidades para o seu crescimento e desenvolvimento.

Por outro lado, é desafiadora já que a nutrição sustentável apresenta diferentes facetas, dentre as quais pode-se destacar o aspecto econômico, o ambiental e o nutricional propriamente dito.

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É fato que o fator mais oneroso do custo de produção de suínos é sua alimentação. O aumento na demanda pela produção de carne suína, em função da peste suína africana que surgiu em diferentes partes do mundo, bem como a elevação do custo dos principais ingredientes que fazem parte das dietas dos animais, intensificado pelos conflitos que ocorrem em alguns países europeus, contribuíram para o agravamento desta situação. Assim sendo, a busca de alternativas nutricionais para a redução dos custos de produção torna-se ferramenta indispensável para atender adequadamente a exigência dos animais de forma sustentável.

A produção de suínos é a atividade que produz a maior quantidade de dejetos por quilograma de peso animal vivo.

Ademais, ressalta-se o fato de que os animais aproveitam somente uma parcela dos nutrientes que são ingeridos por meio da dieta consumida. Esta condição representa uma dupla perda já que, se estes dejetos não forem adequadamente manejados, os nutrientes presentes na sua composição trarão um desequilíbrio ambiental pela contaminação dos solos e dos mananciais de água, além da indisponibilidade de parte dos nutrientes que são eliminados pela falta de utilização pelo animal. Estima-se que 20% das enfermidades que atingem o homem, especialmente as crianças estão, direta ou indiretamente, ligadas às contaminações da água.

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No caso dos animais em terminação, estima-se que chegam a excretar até 75% do nitrogênio e 76% do fósforo ingerido.

Neste sentido, uma das alternativas que pode ser utilizada para minimizar estes impactos seria o uso de enzimas exógenas na dieta.

Em 1925, o Dr. George Hervey publicou o primeiro trabalho demonstrando o potencial das enzimas em melhorar o desempenho e a digestibilidade de nutrientes em animais. A partir de então, novas pesquisas foram desenvolvidas e,
atualmente, o uso de enzimas na nutrição de suínos é uma realidade e apresenta pelo menos três objetivos principais:

Atualmente, o uso de blends de enzimas podem ser destinados para os diferentes estágios de produção e é dependente do tipo de ingrediente utilizado nas dietas, bem como do seu custo de inclusão.

Há que se ressaltar a importância de compreender como estas enzimas trabalham conjuntamente para hidrolisar seu respectivo substrato bem como o seu modo de ação nas dietas para maximizar a eficiência produtiva.

Outro fator relacionado com a importância de uma nutrição sustentável seria o uso de doses terapêuticas de óxido de zinco na dieta de suínos, notadamente de leitões.

O desmame é um dos momentos mais importantes no sistema de criação de suínos. Neste período, os leitões são separados abruptamente das porcas, transportados e alojados em uma nova instalação. Somam-se a estes fatos, a convivência com animais provenientes de outras leitegadas bem como a ingestão de dietas com uma textura diferente da que se alimentavam anteriormente, o que os tornam mais propensos a apresentarem quadro de diarreia.

O mecanismo de ação do óxido de zinco ainda não está completamente elucidado. No entanto, tem sido demonstrado melhorias:

Desta forma, o óxido de zinco é comumente utilizado, especialmente nas dietas de leitões desmamados, com a finalidade de prevenir o surgimento de diarreia e garantir o melhor desenvolvimento dos animais.

Entretanto, a partir de junho de 2022 a União Europeia irá proibir o uso desta fonte de zinco, nos níveis atualmente praticados, e permitirá a sua utilização apenas como um aditivo alimentar, considerando-se uma inclusão máxima de 150 ppm do mineral na dieta.

 

Estas medidas foram tomadas com o objetivo de diminuir o impacto ambiental, já que os níveis de zinco administrados são considerados excessivos e, como parte deste mineral não será utilizada pelo animal, o excedente será excretado para o meio ambiente.

Por conta de suas características físicoquímicas, o zinco é um elemento não volátil, não degradável e sua dispersão contínua de longo prazo dos dejetos nas culturas pode aumentar progressivamente sua concentração em solos e águas subterrâneas, atingindo níveis perigosos para a vida vegetal e animal.

Em estudo conduzido por Bak et al. (2015) no período de 1986 a 2014, a aplicação de dejetos suínos ricos em zinco aumentou a sua concentração no solo de 2-5% para 24% o que pode propiciar riscos significativos para espécies aquáticas devido à lixiviação do elemento dos campos fertilizados para as águas subterrâneas.

Além disso, o excesso de zinco prejudica a:

Neste sentido, uma das alternativas para a diminuição na excreção deste mineral seria o uso de fontes orgânicas/quelatos de zinco. Isto se deve ao fato de que podem ser utilizadas em menor quantidade, são mais biodisponíveis que as fontes inorgânicas proporcionando, desta maneira, melhor taxa de eficiência de sua utilização pelos animais. Entretanto, estas fontes por si mesmas, não apresentam potencial para prevenir e controlar a diarreia pós-desmame.

Diante deste contexto, embora existam diferentes aditivos disponíveis, que possuem ação comprovada no controle de bactérias patogênicas causadoras de diarreia, um dos grandes desafios da indústria é encontrar o melhor caminho para substituir o uso de óxido de zinco na dieta de leitões. Provavelmente, ainda não se tenha um único aditivo alimentar que seja tão eficiente quanto o óxido de zinco no controle da diarreia, no entanto existem potenciais produtos no mercado que compartilham vários dos mecanismos de ação desta fonte inorgânica de zinco.

Por último, mas não menos importante, destaca-se a nutrição sustentável de suínos baseada no conceito de nutrição de precisão.

A nutrição de precisão adota uma abordagem em que o nutricionista fornece ao animal a quantidade adequada de nutrientes proporcionando a máxima expressão de seu potencial genético com o menor custo de produção possível.

Vale destacar que os tópicos mencionados anteriormente podem ser empregados neste conceito, já que se objetiva também a redução de custos da dieta, a diminuição da contaminação ambiental bem como melhor desenvolvimento dos animais.

Com o emprego da nutrição de precisão, é possível reduzir os custos de produção em até 8%, a excreção de fósforo e proteínas em até 25% e a emissão de gases em até 6%.

Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para o emprego da nutrição de precisão, no entanto destaca-se as equações de predição que são desenvolvidas para buscar associar o melhor desenvolvimento dos animais em diferentes situações:

O consumo de rações por fases é fundamental para ajustar de forma mais adequada as necessidades nutricionais dos suínos. Animais durante a fase de engorda apresentam aumento no consumo de alimentos em contraste com a diminuição das suas exigências nutricionais. Desta maneira, quanto menor o número de fases das rações fornecidas num programa alimentar para os animais neste período, maior será o custo de produção e menor a sua eficiência alimentar (Tabela 1).

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Tabela 1: Efeito da quantidade de fases, num programa de alimentação, sobre o desempenho de suínos durante o crescimento e a terminação.

A qualidade dos ingredientes não pode ser deixada a segundo plano. Independentemente da região geográfica, os principais ingredientes de uma dieta de suínos representam commodities que podem ser comercializados em qualquer parte do mundo. É preciso atentar para este fato, pois a composição bromatológica dos nutrientes pode ser influenciada pela constituição do solo, pela adubação, pelas condições climáticas, dentre outros.

Por isso, a análise dos ingredientes utilizados em uma dieta, antes de sua formulação, é essencial para garantir a redução nos custos e assegurar a quantidade adequada de nutrientes requerida pelos animais.

Utimi (2016) avaliou a composição nutricional do farelo de soja utilizado nas dietas produzidas na Universidade e em uma empresa Integradora nas diferentes estações do ano. Foi possível observar que pode ocorrer uma diferença de até 16,9% no conteúdo de metionina, 10,90% de triptofano, 6,7% de lisina e 6,5% no teor de proteína bruta.

Tabela 2: Composição nutricional do farelo de soja utilizado em diferentes localidades e em estações do ano.

Baseado nestas considerações, o emprego de uma nutrição sustentável na suinocultura possibilita:

Desta forma, é possível assegurar a sustentabilidade da atividade e melhorar o retorno econômico para o produtor.

Artigo originalmente publicado em suínoBrasil – Nutrição sustentável de suínos

Lúcio F Araújo, Luiz A. Vitagliano, Carlos A. Granghelli, Cristiane S. S. Araújo.

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