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22 Apr 2025
Instabilidade global e novas exigências colocam nutrição animal sob pressão
Instabilidade global e novas exigências colocam nutrição animal sob pressão, aponta Rabobank | Relatório projeta mudanças estruturais que devem afetar custos, demanda e estratégias de fornecimento para a indústria de rações e aditivos
A indústria de nutrição animal será diretamente impactada pelas transformações em curso no sistema alimentar global. De acordo com o relatório “Five key transformations to watch to navigate the global food system amid increasing volatility”, publicado pelo Rabobank, o setor deve se preparar para um cenário marcado por menor previsibilidade na demanda por proteína animal, pressões ambientais crescentes e mudanças nos fluxos comerciais e logísticos.
O estudo do Rabobank se apoia em bases de dados robustas, provenientes de instituições internacionais como IMF (Fundo Monetário Internacional), UN (Divisão de População das Nações Unidas), OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), WHO (Organização Mundial da Saúde) e IHME (Institute for Health Metrics and Evaluation). Também incorpora insights de pesquisas acadêmicas recentes, como o estudo da Universidade Cornell sobre o impacto do uso crescente de medicamentos GLP-1 na redução do consumo de alimentos.
O relatório aponta que a desaceleração da demanda global por proteína animal, somada à pressão por dietas mais saudáveis e sustentáveis, pode impactar indiretamente o consumo de insumos voltados à alimentação de animais monogástricos. Em mercados maduros, a demanda por carne, leite e ovos já se estabilizou — e, em alguns casos, tende a recuar. Isso muda a dinâmica de crescimento de segmentos como o de premix, aditivos e rações balanceadas.
Outro ponto-chave é a competição entre alimentos, rações e energia, impulsionada pela crescente demanda por biocombustíveis. Produtos agrícolas básicos, como milho e soja, são disputados entre o setor alimentício, o pecuário e o energético. Isso encarece os custos da formulação e pressiona as margens da indústria de nutrição animal.
Além disso, o Rabobank destaca que os ganhos de produtividade agrícola estão diminuindo, e o foco agora se volta ao uso mais eficiente dos insumos. Isso representa uma oportunidade estratégica para empresas de nutrição animal desenvolverem soluções que maximizem a conversão alimentar, melhorem a saúde intestinal e reduzam perdas — tudo isso dentro de padrões mais sustentáveis.
A sustentabilidade também é uma força transformadora. A responsabilidade por metas ambientais (incluindo emissões de carbono, uso de fertilizantes, insumos sintéticos e rastreabilidade) está sendo transferida ao setor privado. Isso exige que empresas de nutrição se adaptem tanto nas suas operações quanto no apoio técnico aos produtores. Produtos que contribuam para o cumprimento de metas de escopo 3 — especialmente em relação à pegada de carbono — ganharão valor estratégico junto a integradoras, frigoríficos e empresas exportadoras.
Por fim, o relatório ressalta a importância da resiliência logística e diversificação de fontes de fornecimento. As rupturas nos acordos comerciais e as tendências de “friendshoring” e “onshoring” podem alterar a dinâmica de acesso a ingredientes-chave, como aminoácidos, vitaminas e minerais, hoje dependentes de cadeias globais altamente concentradas.
Nesse novo ambiente, empresas de nutrição animal precisarão atuar não apenas como fornecedoras, mas como parceiras estratégicas na sustentabilidade, desempenho e segurança da cadeia produtiva.
