14 Jul 2023
Trigo pode ser alternativa mais barata que a silagem de milho
Por ser uma cultura de clima frio, o trigo nunca teve muito espaço nas lavouras mineiras. Uma realidade que a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) pretendem transformar com o incentivo ao plantio da cultivar de trigo MGS Brilhante, da Epamig, para a produção de silagem na época de entressafra (ou safrinha) do milho, cereal usado na alimentação de bovinos. Até o dia 21/7, as duas empresas realizam dez dias de campo de divulgação da cultura em municípios do Sul e Sudoeste de Minas e Campo das Vertentes.
O primeiro evento ocorreu em 10/7, em Areado. O dia de campo foi realizado na Fazenda Córrego Raso, uma das 15 unidades demonstrativas implantadas pela Emater-MG, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
“A Epamig forneceu a semente. A Emater-MG selecionou os produtores para participar do programa e orientou os agricultores durante todo o processo de produção”, conta o pesquisador da Epamig Oeste e um dos organizadores dos dias de campo, Maurício Antônio Coelho.
Durante os dias de campo, serão apresentadas palestras sobre as técnicas de plantio, cultivo e colheita, além de informações sobre condução das lavouras, processamento e armazenamento da silagem. Os participantes também poderão ver de perto o desenvolvimento da cultivar nas lavouras experimentais.
“A proposta do plantio do trigo para silagem está sendo muito bem recebida pelos produtores da região. Muitos deles já perderam a produção do milho safrinha por causa do enfezamento e precisavam de uma cultura opcional para obter silagem para o gado no período seco”, argumenta o coordenador técnico regional da Emater-MG na região de Alfenas, Marcelo Martins (também organizador dos eventos).
O enfezamento do milho é uma doença que vem preocupando produtores e técnicos em todo o Brasil e provocando grandes perdas nas lavouras do grão. A moléstia envolve um inseto, chamado cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), que se contamina ao sugar a seiva de plantas infectadas e transmite bactérias e vírus, quando migra para se alimentar novamente em lavouras sadias.
- “O trigo MGS Brilhante tem sido uma excelente opção, pois não tivemos de combater pragas. O uso de produtos químicos foi quase zero, o que além de ser melhor ambientalmente, reduz muito os custos de produção”, explica Maurício.
O pesquisador cita que um hectare de milho, atualmente, tem custo de R$ 7 mil, já o hectare plantado com trigo sai em torno de R$ 2 mil.
“A produção do trigo é bem mais barata que o milho safrinha, que já tem um custo menor que a primeira safra. Geralmente, no Sul de Minas, o pecuarista não planta soja na primeira safra, mas milho. A nossa recomendação é que no fim de março, em vez de plantar o milho safrinha, ele cultive o trigo para ter a silagem do gado no período seco”, diz o coordenador da Emater-MG. A produção da MGS Brilhante demanda cerca de cem dias do plantio até a colheita.
A MGS Brilhante foi lançada pela Epamig em 2005, visando a produção de pães. Mas, em 2018, pesquisadores verificaram o grande potencial da cultivar para a produção de silagem.
- “Os resultados indicaram que o volumoso à base de milho e o volumoso à base de trigo MGS Brilhante proporcionaram ganhos de peso equivalentes. Ela também é resistente à seca e ao calor”, explica Maurício.
Após várias avaliações de produtividade e qualidade da silagem, a recomendação dos pesquisadores é que os produtores não substituam a silagem de milho pela de trigo, mas façam uma rotação de culturas.
“O trigo é rico em proteína, mas é pobre em energia. O plantio também difere de outras culturas, por isso os dias de campo são importantes para fornecer as informações corretas para o produtor ser bem-sucedido no cultivo da lavoura”, salienta o pesquisador.