banner horizontal whats

07 Dec 2021

Taninos no metabolismo de nitrogênio em ruminantes: qual a influência?

Você já mordeu uma maçã ou uma banana não amadurecida e sentiu uma sensação adstringente (seca e enrugada) na boca? Então, provavelmente, você experimentou taninos. Os taninos são compostos fenólicos encontrados nas plantas presentes em:

  • Cascas de árvores
  • Folhas
  • Frutos

São responsáveis pela adstringência de muitos frutos e outras partes das plantas, com função de defesa contra à herbivoria.
Nos últimos anos, aumentou o interesse no uso de plantas e extratos vegetais ricos em taninos na dieta de ruminantes para melhorar a saúde e o bem-estar animal, a eficiência alimentar, bem como para mitigar o impacto ambiental dos sistemas de produção de ruminantes.
Existem dois grupos de taninos: os taninos hidrolisáveis e condensados. No artigo de hoje, vamos abordar a respeito do tanino condensado (TC) na nutrição de ruminantes.
Embora promissores, os resultados sobre o uso de taninos na alimentação de ruminantes são controversos, resultando em efeitos prejudiciais, inócuos ou benéficos. Vários fatores, como o tipo e a estrutura química dos taninos, a quantidade ingerida, a composição da dieta basal e a espécie do animal, podem contribuir para a resposta inconsistente aos taninos.

Como o tanino influencia o metabolismo do ruminante no rúmen?
A interação entre taninos e proteínas, forma
complexo que no rúmen que permanece estável devido ao pH encontrado nesse ambiente. Entretanto, quando o pH cai abaixo de 3,5 (tal como no abomaso) ou mantém-se maior que 8 (tal como no duodeno) o complexo é dissociado.

Esta ligação reversível da proteína com o tanino, protegendo-a da degradação ruminal, confere ao tanino a característica de bypass, ou seja, proteína não degradada no rúmen.
O destino dos TC depois de ingerido têm efeitos diversos no metabolismo ruminal, principalmente, relacionados à redução na digestibilidade dos alimentos ingeridos. Esse efeito ocorre, principalmente, sobre as proteínas, mas também afetam outros componentes como celulose, hemicelulose, amido e minerais.
Portanto, a ocorrência dos taninos nos alimentos pode ter um benefício nutricional, protegendo parte da proteína da degradação ruminal, podendo ser degradada no duodeno ou no intestino delgado.
Diversos estudos comprovaram que o tanino na dieta dos ruminantes reduzem as concentrações de amônia (N-NH3) no fluido ruminal, melhorando a utilização das proteínas no pós rúmen e reduzindo a excreção de N no ambiente. Os TC podem diminuir as concentrações de N-NH3 no fluido ruminal tanto pela proteção da proteína na formação do complexo, quanto pela ação inibitória do tanino sobre os microrganismos proteolíticos.

Isso é vantajoso, pois há situações em que a quantidade de amônia liberada no rúmen a partir da degradação das proteínas pelos microrganismos ruminais é maior que a capacidade de utilização e incorporação como proteína microbiana (fonte de proteína de maior importância para o ruminante).

Essa amônia excedente é removida do rúmen, excretada na urina ou reciclada para o rúmen. Se parte desse nitrogênio excedente liberado no rúmen for transformado em proteína não degradada no rúmen e absorvido no intestino, influenciaria positivamente o balanço de nitrogênio pelos ruminantes, aumentando o N retido como produto animal e diminuindo as perdas desse nutriente para o ambiente.
Muitos estudos demostram efeitos adversos desse complexo tanino-proteína, diminuindo a digestibilidade desse nutriente e, como consequência, ocorre o aumento da excreção fecal de N. É importante perceber, que as consequências da ingestão de taninos incluem também o aumento da secreção de proteínas endógenas. Portanto, este aumento de nitrogênio fecal pode ocorrer a partir do aumento do N de origem endógena.
Estudos com vacas em lactação, submetidas a dietas com 45 a 180 g.Kg-1 de MS de TC originado do quebracho (Schinopsis lorentzii) e do castanheiro-europeu (Castanea dentata) observaram aumento da excreção fecal de N e diminuição pela urina.
Além disso, os animais que foram alimentados com dietas de menor % de proteína bruta não diminuíram produção de leite quando foi adicionado o tanino a 45 g.kg-1 de MS de TC, além disso, aumentou a eficiência de utilização de N (N no leite/ N consumido), diminuiu o teor de N-NH3 no leite e no fluido ruminal, indicando efeitos benéficos.
Para que seja amenizado os efeitos negativos dos taninos na nutrição dos ruminantes é necessário saber a quantidade máxima que pode ser fornecido aos animais sem que ocorra prejuízos. Apesar das divergentes respostas em relação à quantidade utilizada, foi relatado em diversos trabalhos que quantidades de tanino a partir de 20 g.kg-1 até 50 g.kg-1 da MS é benéfico à alimentação dos ruminantes.
Apesar de muita pesquisa, resultados encontrados sobre os mecanismos pelos quais taninos exercem seus efeitos sobre a nutrição de ruminantes variam consideravelmente. O estudo dos efeitos nutricionais dos taninos é complexo devido a grande diversidade estrutural. Taninos são compostos que devem ser estudados individualmente porque a sua origem, a estrutura química e as propriedades biológicas são muito diversas.

Nuproxa 07-2023
nuproxa esp
O que fica claro é a relação benéfica do taninos condensados com balanço de nitrogênio no metabolismo de ruminantes, tornando-se um caminho para reduzir a perda de N pelas excretas, otimizando o uso desse nutriente no sistema.


Quer saber mais sobre compostos que manipulam o ambiente ruminal? Clique aqui!

Subscribe Now!
banner basf
agriCalendar
banner special nutrients
Relacionado con Aditivos
Últimos posts sobre Aditivos
BANNER de LALLEMAND
Subscribe Now!
banner special nutrients
biozyme robapagina

REVISTA NUTRINEWS BRASIL
ISSN 2965-3371

Assine agora a revista técnica de nutrição animal

SE UNA A NOSSA COMUNIDADE NUTRICIONAL

Acesso a artigos em PDF
Mantenha-se atualizado com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente em versão digital

DESCUBRA
AgriFM - O podcast do sector pecuário em espanhol
agriCalendar - O calendário de eventos do mundo agropecuárioagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formação para o setor pecuário.