Para ler mais conteúdo de nutriNews Brasil 3 Trimestre 2021
Nos últimos anos, os produtores de aves estão sob maior pressão de autoridades e consumidores. Um exemplo é a proibição de antibióticos melhoradores de desempenho na produção de frangos e poedeiras.
Embora essas iniciativas tenham sido tomadas para salvaguardar a saúde pública e o bem-estar animal, elas aumentam a pressão sobre a lucratividade dos produtores de aves.
Os produtores são, portanto, forçados a buscar alternativas sustentáveis de manter a saúde, o bem-estar e o desempenho dos animais.
As enzimas exógenas foram um dos maiores avanços na nutrição animal nos últimos anos, permitindo que nutricionistas formulassem dietas mais baratas enquanto mantinham o desempenho animal, reduzindo os custos de produção e a poluição ambiental.
Hoje, fitases e carboidrases são amplamente aceitas na nutrição de aves, mas, apesar disso, a forma como as enzimas exógenas são aplicadas às dietas permanece conservadora.
Historicamente, isso tem sido baseado em uma compreensão limitada no nível dos substratos enzimáticos contidos nas dietas e das mudanças que as enzimas podem trazer ao metabolismo e à fisiologia animal.
Recentemente, nosso entendimento em cada uma dessas áreas progrediu, abrindo novas oportunidades para explorar todo o potencial na aplicação do uso de enzimas em nutrição animal.
Este artigo explorará a aplicação de fitase e xilanase para superar os efeitos anti nutritivos associados ao fitato e à fibra, respectivamente.
EFEITOS ANTINUTRICIONAIS DO FITATO E BENEFÍCIOS DA SUPERDOSAGEM FITASE
O fitato é conhecido por ser um potente antinutriente, prejudicando a utilização de minerais e outros nutrientes como aminoácidos e energia.
A aplicação de fitase evoluiu significativamente na última década com a introdução da prática de usar altas doses ou “superdoses” de fitase para se aproximar da destruição total do fitato (IP6) e seus ésteres inferiores (IP5-IP1).
Doses mais altas de fitases também podem proporcionar benefícios de desempenho animal mediante desfosforilação total do fitato para disponibilizar inositol in-situ.
Inositol é a espinha dorsal da molécula de fitato e é relatado para melhorar o metabolismo energético, ajudando os animais a utilizar a energia dietética de forma mais eficiente.
Em um ensaio com frangos de corte, estimou-se que um terço dos benefícios da taxa de conversão alimentar (FCR, na sigla em inglês) observados com a superdosagem de fitase foi causado pelo fornecimento de Inositol (Figura 1)
A superdosagem de fitase pode ser utilizada para proporcionar melhor desempenho animal simplesmente aumentando a suplementação com fitase extra sem assumir qualquer contribuição nutricional.
Para conseguir isso, por exemplo, os produtores que formulam dietas com 500FTU/kg de fitase, enquanto assumem a contribuição nutricional padrão da enzima, devem simplesmente adicionar mais enzima para atingir uma atividade final na ração de 1.500-2.500FTU/kg.
Isso pode melhorar a eficiência da alimentação de aves e suínos por meio de uma maior quebra de fitato (geralmente uma redução de cerca de 3-4 pontos na conversão alimentar).
Esta abordagem requer um aumento do custo da alimentação antecipadamente e pressupõe que os nutrientes extras liberados pela destruição de fitato são convertidos em mais carne ou melhor eficiência animal.
Para aproveitar os benefícios comerciais da superdosagem, a AB Vista realizou extensas pesquisas para entender melhor a quantidade de aminoácidos, minerais e energia que podem ser poupados pelo uso de doses mais altas de fitase Quantum Blue, e também como o nível de fitato dietético poderia impactar animais e a resposta enzimática.
A abordagem usual é conduzir esta pesquisa mediante ensaios de digestibilidade; no entanto, a AB Vista decidiu adotar uma abordagem diferente, executando testes de resposta de dose com os aminoácidos nutricionalmente importantes, fornecendo uma imagem mais realista do impacto da inclusão de fitase nos requisitos de nutrientes.
Em uma série de seis testes com frangos conduzida para determinar a resposta animal com altos níveis de fitase, os resultados mostraram que a eficiência na utilização de metionina + cistina (M+C), lisina (Lys) e treonina (Ths) tiveram melhoras em 15, 13 e 5%, respectivamente (Tabela 1).
Isso demonstra a economia potencial de ração que pode ser alcançada usando doses mais altas de fitase e ajuda a explicar de onde vêm os benefícios da superdosagem para o desempenho animal.
OTIMIZANDO A QUEBRA DE FIBRAS E A FERMENTABILIDADE
A fibra é um componente importante das dietas, geralmente compreendendo 10-15% das dietas normais, mas pode ser um desafio medi-la porque os métodos analíticos comumente empregados hoje fornecem resultados questionáveis.
O método de fibra bruta, que tem mais de 100 anos, ainda é amplamente empregado para determinar fibras, mas, na melhor das hipóteses, captura 20-25% da fibra dietética total.
Hoje há um grande debate sobre fibra funcional e seu benefício potencial para a fisiologia digestiva dos animais. Uma coisa importante a se lembrar é que a fibra não é diretamente digerida pelo animal, mas serve como um substrato para a microbiota intestinal para fermentar.
As xilanases são conhecidas por aumentar a solubilidade da fibra e torná-la mais facilmente fermentável, tendo, assim, benefícios marcantes na fisiologia intestinal e no equilíbrio geral da microbiota intestinal (Figuras 2 e 3).
Uma maior degradação de fibras pode ajudar a reduzir o fluxo de proteínas para o intestino inferior, reduzindo assim as aminas biogênicas e a produção de amônia, bem como problemas potenciais com a disbiose.
PROGRAMA DE MATRIZ MÁXIMA
Com melhor conhecimento dos efeitos antinutritivos e potenciais benefícios nutricionais de fitato e fibras, juntamente com uma melhor compreensão do modo de ação enzimática, a AB Vista desenvolveu uma estratégia de aplicação enzimática chamada Programa de Matriz Máxima (PMM).
Esta estratégia capitaliza as propriedades do Quantum Blue, uma E. coli fitase aprimorada com alta afinidade com o fitato, além de uma xilanase termoestável e resistente a inibidores, a Econase XT.
A combinação dessas enzimas permite que os clientes tenham maiores contribuições de nutrientes dietéticos, mantendo o desempenho animal, permitindo uma considerável redução de custos e uma redução na excreção de nutrientes.
Testes extensivos de validação têm sido realizados globalmente com frangos de corte e resultados mostram, em média, uma economia de cerca de dois centavos de dólar por kg de ave viva e redução de custos de alimentação superiores a US$15 / tonelada.
Quando comparada com a aplicação tradicional da enzima, o PMM oferece desempenho igual a um custo de alimentação consideravelmente menor.
Estudos estabeleceram que o desempenho do frango pode ser mantido em dietas com reduções de pelo menos 2,5kg/t de fosfato monocálcico, 10kg/t de farelo de soja e 10kg/t de gordura.
As aves conseguiram manter o desempenho consumindo 7,3% menos P e 2,8% menos lisina (Figura 4).
A compreensão mais profunda dos efeitos deletérios do fitato e da fibra, e como Quantum Blue e Econase XT podem melhorar a utilização dos nutrientes, culminou na estratégia PMM da AB Vista, tornando-se disponível para produtores de ração. Os produtores agora podem medir o nível de fitato em dietas e ingredientes, e adicionalmente mensurar níveis de polissacarídeos não-amiláceos (PNA) nos ingredientes usando a tecnologia NIR e podem determinar a atividade enzimática na ração rotineiramente, garantindo que os procedimentos de garantia de qualidade estejam em vigor para extrair com segurança o máximo valor de estratégias avançadas de aplicação de enzimas. |
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