Fósforo: um componente essencial e seus diferentes sistemas de avaliação
Fósforo (P) é o segundo mineral mais abundante no corpo, depois do cálcio (Ca), e é um elemento essencial na dieta de aves e suínos. Desempenha funções metabólicas importantes, como desenvolvimento e manutenção do tecido esquelético, manutenção da pressão osmótica e equilíbrio acidobásico, utilização e transferência de energia, síntese de proteínas, transporte de ácidos graxos e diferenciação celular (DNA).
O fósforo na alimentação animal é proveniente de fontes minerais inorgânicas, vegetais, e animais como farinhas de peixes e farinha de carne e ossos. Uma parte importante do P nas fontes vegetais está na forma de fitatos, que são formas iônicas de ácido fítico. O fósforo na forma de fitato não está disponível para animais monogástricos em condições comerciais porque eles não possuem uma capacidade adequada para hidrolisar o fitato e seus ésteres inferiores, liberando fosfatos que então ficam disponíveis para porcos e aves.
O fósforo de origem mineral provém da rocha fosfática que é tratada de diferentes formas para originar os produtos disponíveis no mercado. Os fosfatos inorgânicos são a fonte mais importante de P na alimentação animal, embora seus níveis de incorporação nas dietas tenham sido reduzidos drasticamente ao longo do tempo com a suplementação de fitase na ração, especialmente desde a última crise do fosfato em 2007/2008. O conhecimento do conteúdo de fitato dos ingredientes e alimentos tornou-se uma parte essencial do entendimento de quanta fitase precisava ser usada para substituir uma determinada quantidade de P das fontes minerais, mantendo o desempenho de crescimento e a boa qualidade da mineralização óssea.
Como o P é um nutriente caro na formulação de rações e que apresenta um potencial poluente alto devido à sua capacidade de causar eutrofização, conhecer melhor sobre a utilização do P resultará numa redução dos custos de alimentação e do potencial de poluição da atividade. |
Inúmeros estudos examinaram o valor nutricional de P a partir de matérias-primas e alimentos para animais, além do teor total de P, seguindo diferentes conceitos e diferentes sistemas de avaliação. Atualmente, a avaliação de P em aves é baseada em três princípios diferentes:
NRC (1994) refere-se ao P não fítico como a diferença entre o P total e o P oriundo do fitato, assumindo que o P inorgânico está totalmente disponível enquanto o P fítico não está,
INRA (2004) abordagem baseada em um bioensaio adicionando um nível graduado de P do ingrediente teste e um fosfato de referência a uma dieta basal deficiente em P para calcular, a partir dos declives, o valor biológico relativo (RBV) ou P disponível,
CVB (1997) abordagem baseada na determinação da retenção de P usando dietas deficientes em P (em um estudo de equilíbrio de 3 dias após um período de adaptação de 10 dias).
Além de testes de bioensaio, avaliações para fornecer valores de P digestível (digestibilidade ileal), que representam a parte do P que pode ser absorvida no trato digestivo dos animais, podem ser utilizados. Os testes de digestibilidade apresentaram valores que dependem de muitos fatores da dieta, mas também da fisiologia animal, e até agora deram resultados não consistentes (Rodehutscord et al., 2016). |
Em suínos, o método de biodisponibilidade relativa também foi usado, mas nutricionistas de suínos mudaram para a digestibilidade aparente do trato total de P (ATTD) onde a ATTD de P é calculada como a diferença entre a ingestão de P e a excreção de P nas fezes (coleta total ou com o uso de um marcador indigestível) como nas últimas recomendações de INRA (Jondreville & Dourmad, 2005). O ATTD não leva em consideração o P endógeno e, portanto, subestima a verdadeira utilização digestiva do P.
Com uma metodologia próxima à utilizada para a determinação das perdas de aminoácidos basais com uma dieta livre de P a digestibilidade do trato total padronizada (STTD) de P pode ser calculada corrigindo a ATTD de P para perdas de P endógeno basal. Atualmente, STTD é o principal sistema adotado para se referir ao valor nutricional de P (NRC 2012, CVB 2018).
Ao considerar o nível de P da dieta, independentemente da metodologia escolhida, é impossível ignorar o Ca da dieta, pois este tem um grande efeito sobre a absorção e utilização de P. O corpo mantém os níveis séricos desses minerais dentro de limites estreitos e estáveis. A absorção de Ca e P da dieta ocorre principalmente no duodeno. Um desequilíbrio entre o suprimento de Ca e P pode interferir em suas digestibilidades e em seus usos metabólicos.
O excesso de Ca prejudica a absorção de P, aumenta o pH gastrointestinal e pode ter implicações na saúde intestinal, como enterite necrótica, afetando o desempenho do animal e a mineralização óssea. É, portanto, crucial analisar P e Ca na alimentação. |
NIR como ferramenta para caracterizar fitato
A tecnologia NIR usa o espectro de luz infravermelho proximal para analisar ingredientes e alimentos de forma rápida e fácil, prevendo seu valor nutricional. Tradicionalmente, a tecnologia NIR tem sido usada para análise bromatológica de rotina, como umidade, proteína e fibra bruta para diferentes aplicações, incluindo aceitação/liberação positiva de ingredientes e rações e identificação de tendências na qualidade da matéria-prima para atualizar a formulação a fim de garantir qualidade consistente da ração.
Avanços recentes na tecnologia de calibração NIR agora nos permitem prever parâmetros adicionais, como lisina reativa e total para farelo de soja, índice de solubilidade de proteína para milho e sorgo e P fítico. O conteúdo de P fítico varia entre os ingredientes e também dentro dos ingredientes. A Figura 1 demonstra a variação do de P fítico dentro e entre alguns dos principais ingredientes usados na formulação de rações.
A variação no teor de P fítico das matérias-primas inevitavelmente causa variação no teor de P fítico da ração (figura 2).
Se não forem levadas em consideração na formulação da ração, as variações no fitato dietético podem resultar em uma sub ou superestimação da liberação de P pela fitase, o que resultará em impactos no desempenho animal ou no custo da dieta.
Fitase como parte da estratégia de Programa de Matriz Máxima (PMM)
Programa de Matriz Máxima é um conceito desenvolvido pela AB Vista onde um melhor entendimento das matrizes enzimáticas e das características dos ingredientes empregados permite ao cliente utilizar melhor aditivos como enzimas e estimbióticos na formulação de ração, reduzindo o custo de formulação e mantendo os desempenhos zootécnicos. Esta abordagem não considera apenas a liberação de minerais pela fitase, mas também a liberação de outros nutrientes (aminoácidos, energia metabolizável etc.) que surgem devido à combinação de destruição de fitato, produção de inositol, hidrólise de fibra e estimulação de fermentação no trato gastro intestinal, todas interagindo entre si.
Existem 2 pontos-chave principais antes de considerar esta estratégia nutricional:
Uma compreensão detalhada do substrato (P fítico e fibra dietética) é essencial e é alcançada através da implementação de verificações regulares de controle de qualidade para evitar subestimar, mas especialmente superestimar o uso de enzimas e estimbiótico.
Confiabilidade do produto enzimático para garantir a confiança nos valores da matriz.
Essa estratégia significa que a inclusão de uma fonte inorgânica de fosfato será reduzida e até mesmo removida da formulação por completo, principalmente nas fases de crescimento e terminação em aves e, particularmente, na nutrição de suínos. Isso só é viável se você tiver uma compreensão detalhada do substrato e usar fitase de última geração, como Quantum Blue. |
Uma pesquisa recente (Poernama et al., 2020, em fase de publicação) mostrou que o uso de 1500 FTU/kg de Quantum Blue permitiu que todo fosfato monocálcico fosse removido entre 10 e 42 dias sem perda de desempenho ou cinzas ósseas em comparação com frangos alimentados com uma dieta com fosfato durante toda a fase de criação.
A economia de fósforo para este estudo foi de 0,23% de P disponível para uma dieta contendo 0,25% de P fítico. Isto significa uma redução de 31,7 kg de fosfato/ton de ração o que representa uma economia de aproximadamente R$75 /ton de ração considerando um preço do fosfato é R$2500 /ton, podendo chegar a R$160 /ton de ração se considerando o fosfato à R$5000/ton como em 2008.
Além da economia relacionada à liberação de P a partir do P ligado ao fitato, a economia causada pela aplicação do PMM em aminoácidos e energia também tem uma influência significativa no custo de produção. A AB Vista conduziu uma extensa pesquisa para entender melhor a matriz recomendada de aminoácidos, minerais e energia que podem ser poupados usando doses mais altas de fitase Quantum Blue em combinação com Signis ou Econase XT. Para uma ração padrão contendo uma média de 0,25% de PP, o uso de 1.500 FTU/kg em comparação com 500 FTU/kg pode aumentar a economia de custo de alimentação em R$30/tonelada quando considerada a economia total de nutrientes da enzima. Este conceito também contribuirá para a redução do impacto ambiental causado pela otimização do uso do P e redução da inclusão de fosfato inorgânico, que é um recurso não renovável, mas também a redução de outras fontes de proteína e energia, proporcionando ao produtor uma ferramenta para alcançar aos seus objetivos de equilibrar o custo de produção e manter o desempenho animal. |
Assine agora a revista técnica de nutrição animal
AUTORES
Estratégias de tratamento combinadas em matrizes de frango
Patrick RoieskiFitogênicos e antibióticos para leitões de creche não desafiados
Larissa Aparecida Ratuchene KordelQualidade de mistura de rações e as mudanças na portaria SDA nº 798
Vivian Izabel VieiraQuem é você na cadeia de produtos medicados?
Karin Riedel FrancoUso de ingredientes alternativos na nutrição de cães e gatos
Renata Bacila Morais dos Santos de SouzaPescado: cesta básica é uma conquista, mas ainda são necessários incentivos
Probióticos, Prebióticos e Fitogênicos para saúde intestinal de aves – Parte 2
Sakine YalçinSIAVS recebe 30 mil pessoas de mais de 60 países
O problema das micotoxinas em grãos e concentrados para ruminantes
Lina BettucciPioneirismo e Inovação: Como a Jefo contribui para o sucesso do agronegócio