Bactérias utilizadas na cultura do milho são licenciadas para empresa dos EUA

05 Oct 2020

Bactérias utilizadas na cultura do milho são licenciadas para empresa dos EUA

As bactérias fixadoras de nitrogênio não são mais uma novidade para a ciência e para a agricultura. Os fazendeiros as têm usado no cultivo de plantas da família das leguminosas por centenas de anos sem que soubessem, e a ciência as descobriu cerca de 130 anos atrás, no final do século XIX. Mas somente nos últimos anos a biodiversidade brasileira tem sido utilizada para expandir o uso dessas bactérias em diversas culturas.
Estirpes de Azospirillum brasilense HM053 e HM210, utilizadas em culturas como o milho, serão agora estudadas a partir de um contrato de transferência de tecnologia firmado com a empresa americana PIVOT BIO
Essas novas tecnologias começam a ganhar o mundo a partir de pesquisas realizadas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e em outras instituições do Brasil. Eficazes para o crescimento das plantas como alternativa à utilização de compostos químicos, as estirpes de Azospirillum brasilense HM053 e HM210, selecionadas na UFPR pelo professor Fábio Pedrosa, serão agora estudadas nos Estados Unidos, a partir de um contrato de transferência de tecnologia firmado entre a a UFPR e a empresa americana PIVOT BIO, que tem sede na cidade de Berkeley, Califórnia.
Estes exemplares são estudados desde a década de 1990 pelo professor Pedrosa, do Núcleo de Fixação Biológica de Nitrogênio, e agora, a partir do contrato, poderão ser investigados também pela empresa norte-americana, que aposta nos biofertilizantes para suprir as necessidade de nitrogênio das plantas e para melhorar a sustentabilidade e a saúde do planeta por meio da inovação científica. Eles chegaram a visitar a UFPR duas vezes antes de assinar o contrato, via Agência de Inovação.
O professor Emanuel Maltempi de Souza, pesquisador do Núcleo de Fixação de Nitrogênio, lembra que é a primeira vez que uma empresa do exterior mira sua atenção às bactérias da biodiversidade brasileira. “Eles pretendem estudá-las e desenvolver pesquisas que podem resultar em um novo produto”, explica. O convênio leva em conta também  a lei da biodiversidade, que normatiza “o acesso ao patrimônio genético, proteção e acesso ao conhecimento tradicional associado e, a repartição de benefícios para a conservação e uso sustentável da biodiversidade”.
De acordo com a Agência de Inovação, responsável por intermediar o convênio, assinado pelo reitor Ricardo Marcelo Fonseca, o contrato tem como objeto o fornecimento de tecnologia e concessão de licença para uso e pesquisa e desenvolvimento de produtos comercial das cepas Azospirillum brasilense HM053 e HM210. O contrato tem validade de 4 anos para desenvolvimento dos estudos.
Segundo Maltempi, a empresa se interessou pelos resultados promissores apresentados pelos estudos realizados na UFPR. O professor explica que em todas as etapas do seu desenvolvimento, a pesquisa tomou como base o cenário e o contexto brasileiro, por isso não esperava que pudesse haver interesse de instituições de fora do país. “Eles levaram uma de nossas versões, mas há outras em desenvolvimento”, completa.
A nova versão de Azospirillum brasilense atualmente em desenvolvimento nos laboratórios da Universidade, chamada de 3.0, vai passar por testes em laboratório e pode ter seus primeiros resultados publicados a partir do ano que vem. A primeira versão das bactérias desenvolvidas na UFPR, chamadas de série Ab-V, estão no mercado desde 2010 e são utilizadas em para inocular cultura de milho e soja em milhões hectares em todo o Brasil.

O que fazem as bactérias fixadoras de nitrogênio?

A bactéria Azospirillum brasilense é uma bactéria fixadora de nitrogênio que pode impactar positivamente o crescimento das plantas, incrementando a produção de culturas tradicionais do solo brasileiro. Além de promoverem ganhos na produção, elas reduzem o consumo dos fertilizantes químicos e contribuem para o controle biológico de pragas e doenças vegetais. Outro diferencial é que não são transgênicas. Estirpes de Azospirillum brasilense selecionadas na UFPR já são usadas na cultura de milho e soja (junto com Bradyrhizobium) em milhões de hectares no Brasil.
O laboratório da UFPR também está investigando bactérias que aumentam a disponibilização de fosfato, outra nutriente essencial para as plantas de cultivo agrícola, de alto custo e com reservas mundiais limitadas. Neste momento, a equipe de cientistas trabalha na triagem de bactérias capazes de solubilizar fosfato, ou seja, disponibilizar para plantas o fosfato imobilizado no solo. De acordo com o professor, há entre 20 ou 30 microrganismos sendo estudados.

Assessoria de comunicação do Portal da UFPR

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