banner especial SIAVS 2024

06 May 2020

Fibra alimentar: o banquete para as bactérias benéficas

Parece que foi ontem que ouvi os meus pais dizerem: “Come os teus vegetais!” Sabemos que são bons por várias razões, e uma delas é a ingestão de fibras. Na nutrição humana, os benefícios das fibras para a função intestinal em geral são bem estabelecidos e aceitas. Estes incluem a saciedade, a regulação da absorção de nutrientes e – mais importante – o estabelecimento de uma boa microbiota.
 
A compreensão da fibra na nutrição humana evoluiu devido ao desenvolvimento de métodos analíticos melhorados em termos de determinação de fibras em ingredientes alimentares e de detecção de microbiota.

Devido à redução da dependência de promotores de crescimento de antibióticos, os nutricionistas animais estão sendo bombardeados com informações sobre como manter um bom ambiente intestinal e microbiota.

Não existe uma solução simples a desse desafio; é uma abordagem combinada que deve ser empregada como parte de uma estratégia nutricional para resolver a situação.
Uma parte importante desta abordagem que vale a pena considerar, e que é muitas vezes ignorada, é o papel da fibra na dieta, por ser um substrato chave para o crescimento bacteriano.

Análise da fibra bruta

O uso de métodos obsoletos para a análise de fibras foi possivelmente uma das principais causas para os nutricionistas negligenciarem o conteúdo de fibras nas dietas de suínos e aves.
A principal análise ainda hoje utilizada é um método chamado análise de fibra bruta, que foi desenvolvido há mais de 150 anos – e que basicamente subestima o conteúdo de fibra. Isto porque as amostras são processadas de forma tão severa que geralmente apenas um quarto da fibra pode suportar as condições do método.
A fibra bruta cria então a falsa sensação de que os ingredientes são geralmente baixos em fibra, em que dietas para monogástricos apresentariam composição de fibra inferior a 5%.
Os métodos analíticos evoluíram e, atualmente, podemos medir o teor total de fibras, que é constituído por polissacárideos não amiláceos e lignina. Usando esse método, podemos ver que a fibra total pode variar de 10% a até 25% em dietas para monogástricos, o que, naturalmente, dependerá da composição da ração – mas isso refuta a crença de que as dietas para monogástricos são baixas em fibra.
 

A importância da fibra

Então, porque é que a fibra é tão importante? Durante muito tempo, pensou-se que a fibra apenas causava um impacto negativo na nutrição animal, e que a formulação de dietas sem fibras era a melhor solução.
Sabemos agora que a fibra desempenha um papel importante na função intestinal e no desenvolvimento da microbiota. Compreender o conteúdo e as características da fibra, como a solubilidade e mesmo o grau de polimerização, nos ajudará  a nutrir melhor as bactérias benéficas que fermentam a fibra.
As bactérias intestinais utilizam a fibra como substrato, produzindo ácidos graxos voláteis (AGV) que ajudam a manter a integridade intestinal e servem como fontes de energia para o hospedeiro, recuperando parte da energia que seria perdida se a microbiota não estivesse lá.
Também precisamos lembrar que a microbiota beneficia o hospedeiro não apenas ao produzir AGVs, mas também através do desenvolvimento do sistema imunológico, competindo contra patógenos, produzindo outros compostos benéficos como vitaminas, e até mesmo regulando o comportamento do hospedeiro.

Evolução da microbiota intestinal

A microbiota intestinal evolui ao longo do tempo, tornando-se cada vez melhor na utilização da fibra como substrato. Então, que ferramentas podemos usar para tornar a microbiota intestinal mais rapidamente capaz de utilizar a fibra?
Uma coisa que temos de lembrar é que nem toda a fibra é facilmente fermentável. De fato, alguns tipos de fibras não são fermentáveis em monogástricos (ou seja, celulose e lignina).
 
Outro ponto importante em relação à fibra é que a microbiota fermenta preferencialmente os oligossacarídeos sobre os polissacáridos.
 
De fato, este pode ser o principal mecanismo de funcionamento das xilanases, em termos de decomposição de cadeias longas (ou polissacarídeos) de arabinoxilanos em cadeias menores (ou oligossacarídeos).
 
Estes oligossacarídeos estimularão o crescimento e o estabelecimento de mecanismos da microbiota para degradar e fermentar as fibras, favorecendo as espécies que fermentam as fibras para produzirem as suas próprias enzimas e assim degradarem a fibra.

Uma nova fronteira para a nutrição de monogástricos
 

Levando-se em consideração que o conteúdo de fibras nas dietas para monogástricos é bastante alto, não parece razoável não colher os benefícios que uma melhor fermentação das fibras pode trazer.
Esta forma de pensar representa uma nova fronteira para a nutrição de monogástricos em termos de como melhor fornecer nutrientes à microbiota intestinal, muitas vezes referida como o “segundo cérebro” pelos nutricionistas humanos.

Por Gilson Gomes, Head of Global Technical da AB Vista

agriCalendar
banner special nutrients
nuproxa esp
Nuproxa 07-2023

 

Nuproxa 07-2023
biozyme robapagina
nuproxa esp
agriCalendar
Relacionado con Nutrição Animal
Últimos posts sobre Nutrição Animal

MAIS CONTEÚDOS DE

Dados da empresa
banner special nutrients
biozyme robapagina
agriCalendar
nuproxa esp

REVISTA NUTRINEWS BRASIL
ISSN 2965-3371

Assine agora a revista técnica de nutrição animal

SE UNA A NOSSA COMUNIDADE NUTRICIONAL

Acesso a artigos em PDF
Mantenha-se atualizado com nossas newsletters
Receba a revista gratuitamente em versão digital

DESCUBRA
AgriFM - O podcast do sector pecuário em espanhol
agriCalendar - O calendário de eventos do mundo agropecuárioagriCalendar
agrinewsCampus - Cursos de formação para o setor pecuário.