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Resiliência e Micotoxinas. Qual o papel dos aditivos para superar esse desafio?

04 Oct 2021

Resiliência e Micotoxinas. Qual o papel dos aditivos para superar esse desafio?

Quando tratamos de doenças, podemos recomendar vacinas, antibióticos, prebióticos, probióticos, óleos essenciais; enfim, uma gama de produtos que tem uma relativa eficiência no controle de patógenos. Mas ao falarmos sobre micotoxinas, é difícil mensurar o impacto destas tecnologias sobre o resultado técnico e econômico no lote.
Em 1960, ocorreu no Reino Unido o primeiro caso de micotoxicose relatado, com a morte de perus devido a presença de Aflatoxina em torta de amendoim. Desde então, foram reconhecidas mais de 700 micotoxinas até o momento e a cada ano descobrimos uma nova molécula.
Resiliência e MicotoxinasPodemos enumerar os efeitos dos mais diversos das micotoxinas. Dificilmente observamos sintomas agudos no campo. Em geral observamos efeitos subclínicos afetando o desempenho ou sintomas associados a outras patologias, que trazem grandes prejuízos (Bryden, 2012).
Resiliência e Micotoxinas

A literatura cita diferentes tratamentos para reduzir os danos causados pelas micotoxinas (Eaton e Groopman, 1994). O uso de adsorventes, cujo termo não é aplicável a todos os produtos, são bem conhecidos. Na verdade, a adsorção é o mecanismo de ação das argilas ou aluminossilicatos. Estes produtos foram a primeira ferramenta utilizada com esta finalidade.
Os adsorventes naturais configuram uma gama ampla de produtos cuja eficiência pode estar relacionada ao local de onde a argila foi extraída, bem como ao tipo de tratamento que ela recebe. Os adsorventes têm características próprias e podem ser avaliados em testes in vitro ou in vivo (Mallmann et al., 2006).
Resiliência e MicotoxinasAs argilas funcionam somente no trato digestivo e são mais eficientes em pH ácido. O mecanismo de adsorção depende também da polaridade das micotoxinas, pois somente as que têm polaridade, como as Aflatoxinas, são fixadas e eliminadas do organismo. Outras micotoxinas também são polares, como a Ocratoxina e a Fumonisina. Esta última, embora polar, possui uma molécula muito grande o que dificulta sua adsorção.
Resiliência e Micotoxinas
Desta forma as argilas têm ação limitada frente as diversas micotoxinas. Além disso, não existe nenhum produto com 100% de eficácia, o que significa que parte das micotoxinas serão absorvidas, metabolizadas e excretadas e, neste ciclo causarão danos em diferentes órgãos. Portanto quando falamos de produtos mais complexos que possuem outros mecanismos de ação que não só a adsorção, podemos chamá-los de inativadores de micotoxinas.
Além da adsorção, nós da Adisseo consideramos que existem outros mecanismos importantes que devem atuar na proteção do animal contra as micotoxinas. A saber: a bioinativação, o suporte ao sistema imune, a inibição do estresse oxidativo e a proteção dos órgãos. Ao longo deste artigo, vamos discutir os aspectos relacionados à resposta animal que dão sustentação à maneira como entendemos que as micotoxinas devem ser controladas.
Resiliência e MicotoxinasIniciamos com a bioinativação das micotoxinas. Este mecanismo acontece em todo ser vivo e consiste na conversão das toxinas em metabólitos não tóxicos (Galtier, 1999). Existem duas maneiras de ocorrer: pela microbiota existente e órgãos como a mucosa intestinal e o fígado (Gajecka et al., 2009).
O efeito da microbiota inativando as micotoxinas é bem conhecido e pode ser sumarizado na tabela abaixo, que enumera uma série de micro-organismos capazes de promover a bioinativação:
resiliência e micotoxinas
Na Figura 1, a distribuição da microbiota mostra que principalmente os ruminantes, bem como as aves, apresentam maiores concentrações de microrganismos em diferentes porções do trato digestivo, enquanto os suínos têm a maior concentração no ceco, porção final do intestino, posterior ao local onde as micotoxinas já foram absorvidas. Esta característica ajuda a entender por que há diferença na sensibilidade das micotoxinas em espécies domésticas.
Resiliência e Micotoxinas
Os prebióticos e probióticos tem a função de estimular o desenvolvimento da microbiota intestinal e vão contribuir para a neutralização destas micotoxinas. O uso de leveduras estimula seletivamente o crescimento de Bifidobacterium sp., Lactobacillus sp. e certas bactérias produtoras de butirato (Samal e Behura, 2015). Os lactobacilos, por exemplo, apresentam diferentes mecanismos para inativar as micotoxinas (Belal et al., 2020).

Resiliência e Micotoxinas
Por outro lado, os suínos apresentam mecanismos hepáticos que auxiliam na transformação em metabólitos menos tóxicos, como no caso de DON (deoxinivalenol). Os dados da Figura 2, mostram que nesta espécie, a quantidade de DON convertida em DON – glucoronideo (DON GlcA) é significativa, e, portanto, o bom funcionamento deste órgão é vital para superar desafios associados a micotoxinas absorvidas.

Resiliência e Micotoxinas
O uso de aditivos como enzimas ou bactérias que inativam as micotoxinas, pode ser o futuro para reduzir seus efeitos. Porém, ainda existem questões relacionadas a estabilidade em processos de produção da ração, como altas temperaturas ou fatores relacionados ao próprio organismo animal que vão interferir no seu modo de ação.
Embora muitos testes in vitro apresentem resultados satisfatórios, existem questionamentos quanto ao funcionamento destas soluções in vivo, tendo em conta toda dinâmica que acontece ao longo do trato gastrointestinal (Döll et al., 2004).
As variações na microbiota estabelecida, o pH ou mesmo diferenças no sítio de ação de uma enzima, que pode ser por exemplo posterior ao local de absorção das toxinas, são fatores que, entre outros, não estão sob nosso controle e podem afetar a eficácia destas tecnologias.
Outro efeito negativo causado pelas micotoxinas é sobre o sistema imune (Berek et al. 2001, Bouhet e Oswald, 2005).   Sabemos que grande parte da resposta imune está associada ao intestino em função da microbiota existente. O uso de prebióticos pode contribuir para esse melhor equilíbrio. As leveduras, além de atuarem como prebióticos, também estimulam o sistema imune através da ligação de suas diferentes frações aos receptores das células intestinais e macrófagos (Petravić-Tominac et al., 2010).
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As micotoxinas também produzem radicais livres, reduzindo a proteção antioxidante e causando peroxidação lipídica, o que afeta diretamente a síntese de DNA, RNA e proteínas. (Dvorska e Surai, 2002). O estresse oxidativo causado pela ação das micotoxinas pode levar à apoptose e outros efeitos citotóxicos no fígado (Gowda e Ledoux, 2008).
Para reduzir os efeitos oxidativos, o uso de hepatoprotetores é bastante conhecido. A metionina, doadora do grupo metila, auxilia na eliminação de substâncias tóxicas. A colina é um agente lipotrópico, que evita a estenose hepática.

Os extratos botânicos, como a silimarina (He et al., 2004) e a boldina (Kringstein e Cederbaum, 1995), por exemplo, têm efeito muito importante, impedindo a peroxidação lipídica da membrana celular, protegendo a integridade celular de diferentes órgãos, dentre eles o fígado, responsável pelos processos de desintoxicação e produção de enzimas antioxidantes como a glutationa peroxidase. O uso de antioxidantes naturais como o alecrim, selenometionina ou antioxidantes sintéticos tradicionais, também, são recomendados frente a desafios com micotoxinas.
Resiliência e Micotoxinas
Atualmente, os problemas associados às micotoxinas são muito importantes do ponto de vista econômico para a produção animal. O uso de produtos que tem a capacidade de reduzir seus efeitos é largamente conhecido, porém com resultados muito variáveis. Estas variações estão relacionadas ao tipo de micotoxina, tempo de exposição, manejo, espécie e ao status nutricional e sanitário dos animais.
Desta forma, toda solução deve primeiro focar nos aspectos de produção, além do controle realizado pelas fábricas de rações.
Por fim, a escolha de qualquer estratégia para o controle de micotoxinas deve estar associada ao conceito de resiliência, muito em voga atualmente.
Devemos fornecer aos animais ferramentas que deem suporte aos mecanismos de defesa naturais. A integração do bom funcionamento de órgãos como o fígado e epitélio intestinal, um sistema imune eficiente e uma microbiota robusta são chave para uma melhor resposta frente aos desafios das micotoxinas.

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