Fibras na nutrição de frangos de corte – fatores antinutricioais
O custo de muitos grãos de cereais e leguminosas usados na produção de ração para aves está aumentando devido aos mercados em crescimento que os utilizam como alimento, tanto animal quanto humano, e combustível.
Para combater os altos preços, alimentos alternativos, como coprodutos agrícolas, incluindo farelo de trigo, casca de soja, grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS), dentre outros, são regularmente incorporados na ração de aves.
No entanto, esses coprodutos contêm inerentemente uma alta proporção de fibra alimentar composta de polissacarídeos não amiláceos (PNA), lignina e outros carboidratos vegetais indigeríveis.
Aves carecem de enzimas endógenas necessárias para a degradação dessas PNAs. As frações PNA incluem celulose e polissacarídeos não celulósicos, e a porção de polissacarídeos não celulósicos pode ser subdividida ainda em polissacarídeos pécticos e hemicelulose.
A fibra alimentar é ainda classificada em fibras solúveis e insolúveis com base em sua solubilidade aquosa.
Além disso, uma fração não digerível de amido que permanece resistente à digestão enzimática é denominada como “amido resistente” e foi relatado que possui funções fisiológicas semelhantes a outras fibras alimentares.
Recentemente, tem havido um aumento na tendência de incorporação de fibras alimentares e oligossacarídeos na dieta de aves para fornecer substratos visando a melhora da microbiota intestinal.
Porém, a fibra pode atuar também como um antinutriente, pois muitas vezes ela encapsula nutrientes e assim, influencia negativamente a viscosidade da digesta e impacta a absorção através das propriedades quelantes de algumas frações de fibra.
Composição e propriedades da fibra alimentar |
O termo genérico “fibra” em nutrição é amplamente utilizado para um grupo diverso de frações de carboidratos complexos de PNA, oligossacarídeos e amido resistente, e composto polifenólico de lignina.
O sistema de análise aproximada desenvolvido pela Estação Experimental de Weende na Alemanha classificou os carboidratos na ração em um componente mais digerível denominado extrato livre de nitrogênio e um componente fibroso menos digerível denominado de fibra bruta (FB).
A FB ainda é usada na formulação de rações para aves e é determinada como o resíduo orgânico da digestão ácida e alcalina, e não leva em conta as frações totais de PNA. A fibra também pode ser diferenciada em fibra em detergente neutro (FDN) composta de celulose, hemicelulose e lignina, e fibra em detergente ácido (FDA), consistindo principalmente de celulose e lignina.
As propriedades físico-químicas da fibra alimentar incluem:
Com base nas características de dissolução da fibra alimentar, eles são solúveis (por exemplo, pectinas e gomas) ou insolúveis (por exemplo, lignina e celulose). Na alimentação de aves, a fibra alimentar solúvel é desejada para maior ação dos microrganismos intestinais.
Efeito Antinutritivo da fibra alimentar em Aves |
A fibra alimentar de diferentes cereais, como trigo, centeio e cevada, etc., nas formas insolúveis ou solúveis, pode exercer um efeito antinutritivo nas aves, diminuindo a energia metabolizável aparente, a digestibilidade do amido, a retenção de nitrogênio e a utilização de outros nutrientes, levando a redução do desempenho de crescimento.
Apesar dos atributos positivos da fibra alimentar, a inclusão de um alto nível de fibra é limitada porque certos PNA podem ligar-se a ácidos biliares, gorduras ou colesterol e causar má absorção de lipídios.
A viscosidade da digesta é um dos principais fatores que afetam a digestibilidade. Alta viscosidade interfere na difusão eficiente dos nutrientes, reduzindo posteriormente a sua degradação e transporte por enzimas endógenas na superfície da mucosa.
Se a viscosidade da digesta for gerenciada pelo uso de aditivos alimentares, as fibras solúveis podem ser melhor utilizadas pelas aves devido à menor interferência no movimento da digesta e à difusão melhorada das enzimas digestivas para os substratos.
A fibra insolúvel presente na ração para aves causa menos viscosidade do que a fibra solúvel e tem baixa fermentabilidade.
Assim, uma dieta de aves contendo uma quantidade maior de fibra insolúvel pode aumentar a taxa de trânsito da digesta e passagem de nutrientes no trato gastrointestinal inferior devido a maior capacidade de retenção de água.
Porém, em aves, é relatado que partículas grossas podem atrasar o trânsito da digesta na moela e, assim, aumentar a exposição dos substratos às enzimas digestivas.
Alguns autores sugerem que não é a capacidade de retenção de água da fibra insolúvel, mas sim a estimulação mecânica, que leva ao excesso de secreção de muco e aumento do peristaltismo em resposta a partículas grossas que aumentam a motilidade e diminuem o trânsito da digesta ou o tempo de retenção.
As informações deste artigo foram retiradas da publicação científica “Effects of Dietary Fiber on Nutrients Utilization and Gut Health of Poultry: A Review of Challenges and Opportunities” de autoria de:
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